"Sem crise não há desafios, sem desafios a vida é uma rotina, uma lenta agonia"
(Albert Einstein)
Quem trabalha com vendas ao comércio tem falado bastante sobre a atual “crise”. Os volumes de vendas ao comércio não tem sido mais os mesmos, isto é um fato.
Hoje os clientes estão bem resistentes a investir em estoques e mercadorias novas (o período pede muito cuidado com investimentos), mas todos concordamos que no comércio, sem mercadorias no ponto de venda não há faturamento. Comprar é essencial para o comerciante continuar com suas atividades.
Além de investir em estoque de bons produtos, os lojistas devem investir na estrutura do ponto de vendas e na qualificação do seu pessoal de atendimento.
Pense na equação complicada do lojista: deve investir em bons produtos, tornar seu ponto de venda atrativo e ainda melhorar a eficiência de seus vendedores (se existem menos consumidores com poder de compra entrando em uma loja, o comerciante tem que ser mais efetivo no seu atendimento para ter vendas).
Pensando nesta complicada conta que o lojista enfrenta diariamente, o desafio de quem vende para o comércio varejista é maior. Os agentes de vendas tem que começar a ser empreendedores junto com o cliente para convencer o mesmo a investir, e que este investimento seja com o seu produto e com a sua oferta.
A falta de compreensão deste cenário é que leva grande parte dos vendedores a reclamarem que as vendas baixaram. Isto é reflexo em grande parte, porque muitos profissionais de venda não leem com exatidão o mercado. São míopes ao que está acontecendo pelo comodismo da rotina.
Gostam de ir aos mesmos clientes, fazer o mesmo roteiro de viagem, conversar com as mesmas pessoas, vender os mesmos produtos, do mesmo jeito. Gostam de tomar o mesmo cafezinho, ficar no mesmo hotel, usar as mesmas ferramentas e querem, em uma época de “crise”, onde os clientes estão pensando muito mais no que investir para ter em sua loja, ter resultado melhor do que em épocas “sem crise”.
A crise é uma forma de se reorganizar. De analisar o que estamos fazendo, o que estamos oferecendo e de que forma estamos fazendo isso.
Tempo de crise, tempo de se reinventar. Buscar formas diferentes de trazer resultados.
Muitos fatores deveriam ser bem analisados pelos vendedores e representantes, para que os impactos da “crise” se tornem menores ou acabem virando oportunidades de crescimento.
Pois toda “crise” passa, e quem estiver organizado e preparado para os tempos “sem crise” estará na frente. Dentre estes fatores destaco os Clientes, Roteiros de Viagem, Ofertas, Atendimento e Ferramentas de Vendas.
Como toda a empresa deveria fazer em épocas de “crise”, se reorganizar e ficar com o que realmente vale a pena é essencial para ter mais foco e buscar resultados bons para seus clientes e principalmente para você vendedor e representante.
Analise com detalhe estes fatores:
Clientes: Você deve analisar o seu cliente em vários pontos: - O volume de compras deste cliente em relação ao investimento que é feito para atendê-lo é bom? - O cliente tem capacidade de comprar mais? - O mesmo tem estrutura para revender a sua oferta? - Você tem uma ou mais pessoas de contato no cliente tanto para comprar quanto para vender o seu produto no ponto de venda? - O ponto de venda é organizado e facilita a revenda do seu produto?- O cliente é somente um repassador de produtos ou também oferece serviços aliado à sua oferta? - O seu produto é relevante para o cliente? - Ele de fato trabalha o seu produto ou o mesmo é somente “mais um item”? - Como está o crédito deste cliente? - Ele está comprando muito ou pouco no mercado? - Ele é um bom pagador ou dá muita “dor de cabeça” para a sua área de cobrança?
Se você pegar a sua relação de clientes e analisar cada ponto você obtém uma classificação dos mesmos. A partir daí pode criar um plano de trabalho para melhoria de cada ponto. Pode negociar com a empresa que você trabalha como ter uma abordagem diferenciada para cada cliente e ainda dedicar o seu tempo nos clientes mais importantes e com melhor potencial de compra.
Isto é se interessar legitimamente pelo cliente que lhe dá resultado. Este interesse deve despertar o vendedor que existe em cada profissional de vendas. Através do atendimento mais focado os clientes entendem que você é a pessoa que o ajuda a investir no produto certo que irá trazer lucro para o seu comércio. Mas você como vendedor é que deve mostrar este diferencial.
Roteiros de Viagem: Analisando melhor os seus clientes, você tem que traçar estratégias de atendimento. Em épocas de “crise” o atendimento deve ser intensificado.
Ficar esperando o cliente “ter vontade” de comprar não é a melhor solução e não paga as contas do vendedor ou da sua empresa. Sabemos que os custos de visitação estão cada vez maiores. Combustível, pedágio, hotel, alimentação e outros custos sobem e se você não aumentar o seu faturamento por cliente a operação fica inviável. Você precisa após a análise dos clientes criar os seus roteiros de viagem, relacionando as cidades e os clientes que serão atendidos em cada roteiro, inclusive analisando mensalmente o seu faturamento por roteiro. Nesta análise deve ter os seus clientes que mais faturam e também os que você definiu como potenciais de aumento de vendas, para que o trabalho seja intensificado nestes. Também é uma boa oportunidade de buscar clientes novos para os seus roteiros. Afinal, percorrer cada roteiro tem um custo, então toda a venda que se realizar nele ajuda na sua manutenção financeira.
Claro que questões econômicas e de logística devem ser analisados (distâncias, comodidade, custo do percurso) para que se tenha a melhor relação investimento X benefício. Procure definir uma periodicidade para cada roteiro. Desta forma você poderá prever com melhor exatidão quanto será a rentabilidade do mês (quanto você gastou pelo que cada roteiro feito lhe rendeu em vendas).
Para o vendedor e representante, esta conta é importantíssima, pois trata-se do equilíbrio financeiro essencial para a continuidade dos negócios. Hoje temos outras formas de estar junto aos clientes – telefone, e-mail, WhatsApp. Temos que usar todas as ferramentas para avisar o cliente de nossa presença na região, informar sobre nossos produtos e ofertas. É a forma mais econômica de complementar o trabalho de contato direto feito através da visita aos clientes.
Você deve analisar isto como forma de ser um melhor vendedor, que atende pessoalmente as demandas de seus clientes e que tem um atendimento constante, cobrindo sua área de atendimento com eficácia.
Ofertas – O que você está oferecendo a seus clientes? Você conhece o que está oferecendo a seus clientes? O que você consegue falar sobre o seu produto ou oferta? Você consegue discorrer sobre o seu catálogo de produtos? Estudar o seu produto e oferta e as diversas aplicações que estes possuem é essencial para você fazer o papel de diferencial para o seu cliente. Lembre-se: o cliente hoje está muito mais seletivo sobre o que irá investir para colocar no seu ponto de venda. Se você não fizer o papel de vendedor que entende do seu produto e oferta e se colocar como consultor para mostrar as mais variadas aplicações e formas do seu produto, ele irá optar por quem fizer isto. Saiba tudo sobre o seu produto: como é fabricado, como é entregue, prazos de entrega, formas de faturamento, tenha fotos com exemplos de uso, troque mensagens com seus clientes informando sobre novidades de seu produto, saiba o que mais vende na sua região de atendimento. Veja quais produtos o cliente compra e ofereça coisas novas para ele. O cliente deve sentir que você irá indicar coisas boas para ele, que o farão ganhar dinheiro e ter um ponto de vendas atrativo. Neste ponto o vendedor não pode ter acomodação (preguiça) para conhecer, perguntar, buscar informações. Não podemos convencer ninguém a comprar nada que oferecemos se não tivermos a informação que será diferencial para o cliente. Analise cada cliente, o que compra e o que você oferecerá para que ele aumente a variedade de produtos que você oferece.
Atendimento – Vendedores são “experts” em atendimento. Certo? O que é um bom atendimento? É tomar o cafezinho com a mesma pessoa no seu cliente? É tirar o pedido conforme o cliente pede, com velocidade, corretamente, é ter cortesia? Tudo isto faz parte do atendimento, mas não é tudo. Fazer um bom atendimento é coordenar diversas coisas ao mesmo tempo. É ser assertivo, planejado, flexível, ter conhecimento. Um bom atendimento é a base da confiança que o cliente têm em seu atendente vendedor. Para isso o vendedor deve ter foco na superação das expectativas do cliente.
Isto vem com organização do atendimento, com respostas baseadas no seu conhecimento da oferta e dos produtos que são oferecidos, na disponibilidade para contato, na cortesia e educação no momento do atendimento, no foco no que o cliente precisa e no que você precisa cumprir como objetivo de venda.
Isto é o grande diferencial dos vendedores de sucesso. Eles conhecem as necessidades dos seus clientes, entendem o processo de compra e venda dos mesmos e buscam suprir estas necessidades superando os desafios existentes. Eles entendem o tempo de venda (não são os “chatos insistentes” mas procuram melhorar o processo de compra do cliente com o produto certo, na quantidade certa para que o mesmo não fique sem mercadorias ou ainda não fique com produtos parados no ponto de venda. Vejam que série de variáveis estão envolvidas no atendimento: planejar quando visitar, a forma de contato, como o cliente compra, como ele vende, que produtos irá oferecer, que informações irá passar ao cliente. Isto não é fácil, é um desafio que somente o verdadeiro VENDEDOR consegue superar.
Ferramentas de vendas – Você já analisou o que utiliza para vender? Seus catálogos estão atualizados, com informações bem à vista, fáceis de repassar? Você tem à mão todas as ofertas que a sua empresa lhe coloca para oferecer aos clientes? É incrível, mas muitos vendedores saem para efetuar seus trabalhos de venda sem as ferramentas certas para apoio a seu trabalho. Muitas companhias investem em catálogos, folhetos, e-mail marketing, sistemas de informação, blocos de pedidos, ferramentas para que o vendedor possa organizar o seu trabalho e passar para os clientes as informações sobre seus produtos e ofertas. Apesar de toda esta oferta de ferramentas, muitos vendedores acreditam apenas na sua capacidade pessoal (leia-se memória e agenda) para efetuar todas as tarefas de atendimento a clientes. Com isso acabam deixando de lado um potencial de ofertas que caberiam em muitos clientes, pois não repassam as novidades, ou pior, passam informações equivocadas sobre produtos e ofertas. As ferramentas de apoio a vendas existem para melhorar o repasse da informação para os clientes. Muitos não dão a devida atenção à elas e isto acaba refletindo em ofertas que ficam sem serem repassadas aos clientes e pedidos incompletos ou com informações equivocadas.
Ferramentas que organizam o atendimento ao cliente dão segurança para o mesmo que todos os termos da negociação que o vendedor realizou com ele estão registradas, além de facilitar o entendimento dos itens dos pedidos para a empresa que você vende ou representa.
Ter as informações organizadas, catálogos impressos ou digitais, preços atualizados, em ordem, que transpareça profissionalismo demonstra para o cliente que você é uma pessoa de confiança e que representa bem a empresa e os produtos que vende.
Atualmente a tecnologia nos permite chegar ao cliente das mais diversas formas. A era digital nos permite acessar o cliente em vários dispositivos de comunicação. Não existe mais desculpas para não ter o cadastro completo de e-mails e celulares de seus contatos nos clientes. Estes são essenciais para replicar as informações de seus produtos e serviços, e se manter em constante contato com seus clientes, criando diferencial no dia a dia deles.
Claro que vender é uma arte, e não das mais fáceis. Mas pense bem nestes fatores que falamos. Se bem organizados e analisados estes lhe deixam preparado para os desafios atuais. Vender mais em uma época em que todos os clientes estão repensando o seu investimento em mercadorias e estoques.
Fazer as coisas do mesmo jeito não é a solução. Buscar os mesmos clientes pode não ser mais suficiente para que você esteja no mercado.
A coisa boa da “crise” é que ela nos obriga a pensar diferente, a fazer diferente. A buscar as oportunidades escondidas e nos fazer utilizar as habilidades que temos.
A “crise” nos ajuda a tirar a preguiça e acomodação que está impregnada em nosso modo de trabalho e inovar na forma como fazemos nosso trabalho.
Desde o início deste artigo chamo “crise” de “crise” entre aspas porque não acredito que algo que nos faz mudar e respirar ares diferentes seja ruim. Ela nos move a coisas novas e isto é viver a vida na sua intensidade.
Agradeço ao gênio Albert Einstein pelas frases de inspiração. Em momentos de crise, nada como poder recorrer às grandes mentes da humanidade.